O flagelo do vestibular
(...) Os flagelados do unificado. Só lhes posso oferecer a minha simpatia. Como ofereci a uma conhecida que este ano esteve no inferno. - Calma, calma. Você pode parar de roer as unhas. O pior já passou. - Não consigo. Vou levar duas semanas para me acalmar. - Bom, então roa as suas próprias unhas. Essas são as minhas. - Ah, desculpe. Foi terrível. A incerteza, as noites sem sono. Eu estava de um jeito que até calmante me excitava, e quando conseguia dormir sonhava com escolhas múltiplas: A) fracasso, B) vexame, C) desilusão. E acordava gritando: Nenhuma destas, nenhuma destas. (...) Mãe de vestibulando. Os casos mais dolorosos. O inconsciente do filho às vezes nem tá: diz pra coroa que cravou coluna do meio em tudo e está matematicamente garantido. E ela ali, desdobrando fila por fila o gabarito. Não haveria um jeito mais humano de fazer a seleção para as universidades? Por exemplo, largar todos os candidatos no ponto mais remoto da floresta amazônica e os que voltassem à civilização estariam automaticamente classificados? Afinal, o Brasil precisa de desbravadores. E as mães dos reprovados, quando indagadas sobre a sorte do filho, poderiam enxugar uma lágrima e dizer com altivez:
- Ele foi um dos que não voltaram... Em vez de: - É um burro!
Luis Fernando Veríssimo
Está chegando a hora...
Que venha o ENEM! :)
* Provas:
1°. 06/11/2010
2°. 07/11/2010